Jovens que passam ou passaram pela fase recentemente recomendam aos pais escutar com atenção e aceitar que filhos não são mais crianças, e não querem ser tratados como tal
No primeiro semestre, o livro “Teenagers Explained: A Manual for Parents By Teenagers” (“Adolescentes Explicados: Um Manual para Pais Por Adolescentes”), lançado no Reino Unido, ganhou as manchetes pelo inusitado: foi a primeira obra sobre educação dos filhos escrita por… filhas. As adolescentes britânicas Louise Bedwell e Megan Lovegrove dão dicas práticas para os pais lidarem com a temida fase do desenvolvimento.
No Brasil, “Como Educar sua Mãe: Manual de Sobrevivência para Meninos” (Wak Editora), de João Pedro Roriz, sai no final de setembro com toques bem-humorados sobre o que não fazer com seu filho adolescente.
Ambas as obras ajudam os pais a entender aquelas ocasiões que deixam os adolescentes furiosos, enquanto os adultos não têm a menor pista do que está acontecendo.
Duas obras que ensinam os pais a olharem o mundo sob a ótica adolescente
Se antigamente os pais acreditavam que, por serem mais velhos, sabiam melhor das coisas, hoje em dia a construção do diálogo é indispensável. A clássica imposição paterna, de acordo com o psicólogo clínico Maurício Vaz Pinto, é uma das coisas que mais incomoda os adolescentes. Reunimos as dicas mais importantes dos livros e, com a ajuda de João Pedro e outros especialistas, explicamos seis pontos essenciais para melhorar a comunicação entre pais e filhos adolescentes.
1. Aceite que eles não são mais crianças – mas tampouco são adultos. Para João Pedro, a principal queixa do adolescente é ser tratado como criança, principalmente pelas mães. O uso do tatibitate, que o autor chama de “tinenéns”, é uma das atitudes mais constrangedoras para qualquer adolescente. Usar palavras no diminutivo e tratá-lo como um bebê é o fim. Se estiver sentindo falta dessa fase, o melhor é abrir aquele álbum de fotos guardado há anos.
2. Preste atenção em dobro ao que eles dizem. Não os interrogue sobre coisas que eles já contaram antes. Segundo as autoras britânicas, ao fazerem isso, os pais passam a mensagem de que não se importam. É verdade que a comunicação fica difícil quando eles são capazes de fazer cinco coisas diferentes ao mesmo tempo e usam gírias com frequência, mas Maurício diz que ter a humildade e a sabedoria de ouvir os filhos também é uma forma de evolução.
3. Não seja ansioso. Outra dica das autoras britânicas para os pais é respeitar o ritmo dos filhos. Se os adultos dão três horas para os adolescentes arrumarem o quarto, não devem checar se o ambiente está limpo e organizado antes disso. Impor pela mera imposição é uma ansiedade que pode ser dispensada pelos pais. “O filho precisa se sentir respeitado”, diz Maurício. O timing dos adolescentes, segundo a psicóloga e psicoterapeuta Natércia Tiba, é mesmo diferente. Colocar as regras é necessário, mas os pais podem ter um pouco mais de paciência? De repente, o adolescente arrumará coisas que você nem esperava, como aquele armário abarrotado há meses.
4. Não trate namoros como tabus. Vamos deixar algo claro: seu filho cresceu e vai beijar na boca. Não adianta fazer disso um escândalo e dizer que ele ainda é uma criança. “É importante lidar com isso e se preparar para orientar esse garoto”, diz João Pedro. Isso vale também para as meninas. Então, em vez de achar que o adolescente foi “abduzido para o lado negro da força”, como brinca João Pedro em seu livro, dê a ele todas as informações necessárias sobre sexo, já que ele deve ter a primeira experiência em breve.
5. Se não estiver atento, você será manipulado. Os adolescentes passam por uma fase de rebeldia ao longo do crescimento e irão testar alguns limites – próprios e dos pais. As britânicas, por exemplo, assumem ser boas manipuladoras e facilmente descobrem não só o que mais irrita os pais, mas também como usar isso a seu próprio favor. Se você pedir para seu filho sair do computador imediatamente, por exemplo, provavelmente ele pedirá mais dez minutos. Para a psicóloga comportamental Paula Pessoa Carvalho, entrar em uma guerra por causa de dez minutos é desgastante e desnecessário. Mas se perceber que os dez minutos viraram 20, e depois meia hora, não hesite em fazer com que os limites sejam cumpridos.
6. Pare de queimar o filme deles. Basta o filho estar rodeado de amigos ou com uma possível namorada que algumas mães têm atitudes capazes de fazer qualquer adolescente querer enfiar a cabeça embaixo da terra. Como chamá-lo por aquele apelido que só mães usam ou comentar algo constrangedor que o filho viveu e não queria que ninguém soubesse. Embora não seja de propósito, João Pedro comenta que são condutas desprezadas por qualquer filho. Vale ser menos coruja nessas horas.
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