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Foto do escritorJoão Pedro Roriz

Movimente-se

Atualizado: 23 de nov. de 2019


As coisas estão meio paradas? Movimente-se. O mundo responderá na mesma velocidade. Está entediado, sem nada para fazer? Saia de casa, mesmo que seja para correr no parque, levar o cachorro para passear, molhar as plantas da calçada, papear com o vizinho ou comprar pão na padaria.

Às vezes, um longo período de trabalho é anunciado pela necessidade de transformação. Essa estiagem criada pelo vapor do tempo faz as horas caminharem calmamente. Esse fenômeno normalmente é acompanhado de uma tempestade de dúvidas. Às vezes, é preciso parar e reavaliar a vida. Esse período de reserva é necessário para maior conscientização sobre limites, fraquezas e potenciais. É nos períodos de seca que descobrimos nossos talentos e capacidades.

Mas se você já "curtiu" essa reserva que enriquece o vinho e quer melhorar, sair do pântano de mau agouro e de prostração, entorne-se. Abra-se para novas oportunidades. Busque a companhia daqueles que têm pensamentos positivos e que dialogam com o sucesso e com o bem estar. Fuja das armadilhas do comodismo. Se os problemas se avolumaram e a sensação é a de que “não existe luz no fim do túnel”, não se desespere. Eleja um problema (o mais grave) para resolver e se concentre nisso. Depois, resolva os problemas mais fáceis, um de cada vez.

Não culpe as pessoas pelo seu fracasso. Isso criará um ambiente negativo à sua volta. Faça sua parte e se distancie de quem lhe quer mal. Ame-se acima de qualquer pessoa, seja ela quem for. Só uma pessoa que se conhece é bem resolvida a ponto de amar e ajudar o próximo sem se perder.

A física nos ensina que um objeto em estado de inércia não pode se movimentar sem força. É um dos maiores desafios da natureza. Apesar disso, tudo no universo se movimenta. Mesmo as rochas. Você também precisa se movimentar para conseguir o que quer. Sentar e reclamar não vai adiantar nada.

Pense em uma piscina. Se você ficar parado em estado contemplativo, a água ao seu redor também ficará parada. Se você se agitar, a água se perturbará, mas você continuará parado. Se você se esforçar - ou seja, empregar força – e nadar em uma direção, as águas se movimentarão no mesmo sentido. Depois de tantas idas e vindas, caso queira desacelerar, ainda terá o movimento de maré que você criou para leva-lo adiante.

Acorde cedo. Converse com as pessoas nas ruas. Abra mão do orgulho inescrupuloso que limita novas experiências profissionais. Ouça conselhos, mas sempre siga a própria intuição. E não se deixe abater. Navegar é difícil mesmo. As pessoas estão sempre em um movimento de constância e tendem a apoiar atitudes que compactuam com a própria experiência. Não seja mal educado, mas firme em sua posição. Não coloque sua felicidade no colo dos outros, mesmo que sejam colegas de trabalho, familiares ou amigos. Lembre-se que confiança é algo que se conquista aos poucos. Divida seus sonhos apenas com quem você tem certeza que compactua com seu sucesso.

E se precisar, recorra ao terapeuta. Não há nada de errado nisso. Mesmo que o terapeuta seja sua avó, seu melhor amigo, seu anjo-da-guarda, ou o velhinho que diariamente lança seu anzóis nas águas do Guaíba e que discorre com graça sobre aquele tempo feliz, quando éramos crianças e nadávamos sem preocupação num rio despoluído. Não havia decência, pois a indecência ainda não havia sido inventada.

João Pedro Roriz é escritor, jornalista e arte-educador.

Todos os direitos reservados ao autor

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