Feira do Livro de Porto Alegre: 70 anos de resistência e celebração da diversidade literária
Por Assessoria de Imprensa.
Fotografia: Juliana de Deus (da Câmara do Livro)
João Pedro Roriz realizou uma fala para adolescentes no Espaço Jovem Banrisul
Em sua septuagésima edição, a Feira do Livro de Porto Alegre reafirmou sua posição como um dos eventos literários mais significativos do Brasil. Ocupando a icônica Praça da Alfândega entre os dias 1º e 20 de novembro de 2024, o evento celebrou sua história de superação frente a adversidades, enquanto buscava consolidar sua relevância cultural e social.
Um marco de resiliência cultural
Desde sua criação em 1955, a Feira enfrentou desafios que testaram sua continuidade. Pandemia, crises financeiras e, mais recentemente, a enchente histórica de maio de 2024, que devastou Porto Alegre, não foram suficientes para abalar seu legado. Segundo Maximiliano Ledur, presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, a edição deste ano foi uma oportunidade de reerguer não só o mercado editorial, mas também o Centro Histórico da cidade, que ainda se recupera dos impactos da cheia.
"Esta edição é uma retomada para o setor e para a cidade. Muitas editoras ainda não haviam reaberto e usaram a Feira como um ponto de recomeço", destacou Ledur. Com um orçamento de R$ 3,5 milhões, a Feira contou com apoios importantes, mas ainda enfrentou dificuldades para captar recursos.
Diversidade e inovação como pilares
A programação deste ano refletiu um compromisso com a inclusão e a pluralidade de vozes. Pela primeira vez, foi criada uma curadoria para literatura negra, liderada por Lilian Rocha, que promoveu debates sobre raça e classe. Personalidades como Rita Von Hunty, Bela Gil e Monja Coen atraíram públicos diversos, enquanto a presença de 72 bancas — incluindo uma dedicada ao público infantil e juvenil — reforçou o caráter inclusivo do evento.
No centro desse espírito de diversidade, o escritor João Pedro Roriz marcou presença no Espaço Jovem Banrisul no dia 18 de novembro, às 15h30, com a palestra "A Diversidade do Saber na Aurora de Nossos Tempos". O escritor é convidado do evento há mais de uma década. O tema escolhido convida a uma reflexão filosófica sobre o papel do conhecimento em um mundo em constante transformação. Na aurora de novas eras, o saber é plural, rompendo fronteiras entre culturas, disciplinas e perspectivas. Assim como a luz do amanhecer revela a vastidão da paisagem, a diversidade do saber ilumina os caminhos da humanidade, permitindo a coexistência de verdades distintas e complementares. "Vivemos tempos em que o diálogo entre saberes não é apenas desejável, mas essencial para enfrentar os desafios globais", disse o autor durante a palestra.
Sérgio Faraco foi o patrono da 70a edição da Feira do Livro de Porto Alegre
Um espaço para a renovação e o encontro
Com a expectativa de atrair cerca de 1,5 milhão de visitantes, a Feira reafirmou sua vocação como palco de interação entre escritores e leitores. Grandes nomes da literatura brasileira, como Fabrício Carpinejar, Jeferson Tenório e Martha Medeiros, compartilharam suas obras e histórias com o público, enquanto autores internacionais trouxeram um olhar global ao evento.
Apesar das dificuldades, o clima na Praça da Alfândega foi de celebração e esperança. "A Feira não é apenas sobre livros; é sobre resistência, criatividade e a força das ideias", afirmou Roriz após sua palestra.
A edição histórica da Feira do Livro de Porto Alegre é mais do que uma comemoração; é um testemunho da importância da cultura como alicerce da sociedade. Aos 70 anos, a Feira continua a inspirar, educar e conectar, mostrando que, mesmo diante das maiores adversidades, a literatura sempre encontra uma forma de florescer.
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