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Foto do escritorJoão Pedro Roriz

Adolescência: a natureza mutante das coisas

Atualizado: 23 de nov. de 2019


"Adolescer" é um verbo que, em sua raiz, muito se identifica com o verbo "adoecer". O desprendimento da cultura familiar e a construção de um pensamento próprio são chagas para os jovens que deixaram o cais da infância para navegar nos mares hostis que os levarão à vida adulta.

A mutação de uma criança que se torna adolescente é evento que interfere na harmonia de toda a família. Sem saber como lidar com esse novo ser que pensa por conta própria - e que por isso mesmo ainda engatinham em sua condição como ser pensante - os pais tendem a combater a mudança. Muitos sofrem com o estado de seus filhos e sentem-se saudosos do tempo em que eles aceitavam com maior facilidade as condições que lhes eram propostas.

É importante ressaltar que a adolescência é uma época fundamental para todo e qualquer indivíduo. As descobertas da adolescência colaboram para uma melhor compreensão sobre o mundo e sobre si mesmo. Pular essa fase é um erro, pois a experiência e a maturidade só podem ser conquistadas através dos erros e dos acertos.

Em aspectos gerais, a sociedade padeceria com a falta de novas ideias se não houvesse adolescência e juventude. Todo jovem é impelido a ter ideias que confrontem o paradigma atual. Essa característica dos jovens não deve ser encarada como falta de educação ou falta de caráter. Em verdade, é preciso esclarecer que "educação" nada tem a ver com "obediência". Torna-se fundamental em qualquer movimento educacional o respeito ao protagonismo e a liberdade de expressão.

Laboratório de novas conquistas, as casas, as ruas e as escolas serão os locais onde os jovens colocarão em prática suas ideias sobre o mundo. Excessos serão cometidos e é preciso estar prontos para lidar com esse fato. A violência verbal ou física são práticas anti-pedagógicas que humilham e acarretam traumas para o resta da vida. Os limites precisam ser esclarecidos pelas autoridades assim como as punições para quem decidir ultrapassar a linha do bom senso, da ética e da moral. Mas também é importante dar ouvidos aos adolescentes e tentar compreender seu mundo, traduzir seu vocabulário ainda tão insipiente e suas necessidades.

Mesmo apaixonados ou rebeldes, os adolescentes querem se sentir seguros dentro de um raio de ação. E se a autoridade mostrar firmeza em suas ideias, não entrar em contradição e, claro, educar através do exemplo, terá para sempre espaço no coração daqueles jovens que educou.

João Pedro Roriz é escritor e jornalista

Todos os direitos reservados ao autor.

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